Foto pink

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quarta-feira, 3 de julho de 2013

O porquê de tanto açucar

Fui uma criança calma, aprendi a lidar com as dores da vida através do silêncio. Portanto, me tornei mulher muito cedo, antes de aprender a dizer não. Fui uma criança mulher, e então, quando cheguei nos 18 não precisei me tornar adulta. Já o era. Uma adulta cheia de vícios e desconhecimentos infantis. E assim tenho sido até os tempos atuais.

Chegou a hora de deixar de ser tão doce e me tornar uma: mulher mulher.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Sobre a invisibilidade

A menina, cheia de nós no coração,
partiu da cidade. Retornou ao campo.
No meio de toda aquele mato,
vestiu a solitária capa da invisibilidade,
e comeu todos os vaga-lumes do mundo.

A menina, se tornara um mulher invisível de luz.

domingo, 21 de abril de 2013

Sobre as flores (ou Sobre os cactos II)

Já me deitei com rapazes que usufruíram de toda minha luxúria. Mas jamais encontrei um alguém que coloca cabeça sobre o peito e espera passivamente.

Já recebi elogios referentes a cor do meu cabelo, as minhas roupas, a minha educação... Mas jamais encontrei pessoa que olhasse no fundos dos meus olhos molhados e me elogiasse pelo minha habilidade de chorar sem a menor pressa.

Já fui consagrada pela minha capacidade de ler centenas de livros e discursar com maestria sobre eles. Mas jamais encontrei um humano se quer que me permitisse não ser ou não saber absolutamente nada.

Já fui julgada como delicada e frágil. Mas jamais achei um ser que soubesse que os incompreendidos como eu necessitam de uma força e resistência cavalar.

Já fui presenteada com rosas vermelhas, rosas amarelas, girassóis, e os mais diversos tipos de flores. Mas jamais encontrei um rapaz com sensibilidade o bastante para me presentear com um cacto.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Eu poderia escrever milhares cartas de amor

Eu não sei nada além do seu nome, mas já poderia te dedicar milhares de cartas de amor. Cartas sobre seus olhos, sua boca, tua barba... Tua delicadeza essencial que já percebi apesar de tão poucas palavras. Eu te desejo tanto, mas tanto que qualquer forma de expressão já transborda em excesso.

Venha à mim. O que te espera é infinito.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

O encontro na casa dos anjos

Depois de muitos e muitos convites, deixei de cerimônia e aceitei o convite para entrar na casa dos anjos. Pisei naquele chão e as pequenas criaturas aladas disseram que eu deveria cantar, eis que então ele surgiu. Ele era um homem de carne e osso, de tamanho natural, sem asas. Me deu sua mão, disse que estava em busca de suas asas e que já sabia o caminho. Juntos, nos perdemos no mundo dos anjos a procura da nossa matéria celestial. Eterno elo de nuvens...
Ahhhh (um suspiro)

domingo, 17 de março de 2013

Dinâmica do amor.

O amor tem prazo de validade.
Aprende a consumi-lo na hora certa,
e coloca na geladeira quando já estiver satisfeito.
Se não ele dá revertério e acaba antes do seu tempo.

Degusta e aproveita cada sabor que ele proporciona.
Mas faça isso na hora certa!
Porque como já disse,
o amor tem prazo de validade.

E tudo que passa do ponto,
apodrece e fede.
Faz mal.

Joga o amor fora,
quando ele passar do ponto.
Amor vencido mata.


O cacto

É a flor do deserto.
Secura absoluta.
Reina no deserto.
Secura absoluta.


Absorve toda água que existe.
Sobrevive ao reino da morte.

Parece ser só espinho,
Mas é flor.

É a flor do deserto.
É a flor que sobrevive.
É a flor guerreira.

sábado, 16 de março de 2013

Março

Para mim, março é o mês dos vícios.
Dos cigarros, do álcool, dos teus gostos.
É o m~es das lembranças de tudo que poderíamos ser. 

O dia em que fui limpar privadas

Para te esquecer, consumi mais de um milhão de litros de whisky.
Mas você ressurgia em cada gota de gelo derretido.

Para te esquecer, emprestei meu sexo a todos os homens ao redor.
Se digo que emprestei é porque  ele era de tua posse absoluta.

Para te esquecer, chorei um oceano de lágrimas azuis.
Construí um mar tão seu... Quase morri afogada.

Para te esquecer, dei três voltas ao redor do mundo.
Te encontrei em cada um de meus passos.

Para te esquecer, comecei a limpar vasos sanitários.
Vi teu reflexo na água de cada privada que esfreguei.

Então, dei descarga. Te mandei para o esgoto.
Te matei no lugar onde você de fato merecia morrer.
E te esqueci.

sábado, 9 de março de 2013

Os girassóis de tudo sabem

(Um dia meu pequeno girassol dourado me disse:)

Girassol - Você não me engana meu pedacinho de céu.

Menina - Poxa girassol! Eu não quero enganar ninguém! Muito menos você, que de tudo sabe. Mas é que a vida me ensinou que o verbo amar só existe no plural. E meu amor no caso anda tão, mais tão singular. Ele ainda é infinito, mas do que adianta ter o peito cheio de amor, e não ter para quem dar?

Girassol - Você pode dar esse amor para mim se quiser.

(Então, a menina tirou o girassol daquele vazinho estreito e o plantou na janela de seu quarto. Ela regou, adubou e amou o girassol para o resto da sua vida.)

quarta-feira, 6 de março de 2013

Maldição do cordão de cristal

Quando vieres fuder comigo, sincera, olharei profundamente para  teus olhos. Com um olhar tão doce, tão puro... Eu te cativarei. Faremos amor docemente, aquele amor que só os verdadeiros amantes tem acesso. Meu sexo irá penetrar teu coração. Darei um nó em tua cabeça.

Como uma foda vulgar, pode se tornar o mais profundo amor, se antes não havia qualquer sentimento?

E então, seus olhos finalmente responderão àquele olhar que lhe lancei no início de nosso encontro. Com o coração rufando, verá uma menina profundamente frágil, delicada, com um brilho que ofusca a virilidade de cada homem. Verás uma mulher absolutamente apaixonada por seu ser. Isso lhe fará feliz naquele instante.  Porém, se sentirás responsável por aquela menina. Irá perceber que precisará cuidar com minúcia daquele ser frágil. Daquele pequeno cordão de cristal.

Sentirás um medo intenso.

Com receio de se tornar homem prematuramente, você partirá. Estará convicto de que não voltará ao meu encontro. Cheio de si, contará aos seus amigos que nós metemos e que eu estava absolutamente apaixonada por ti.

Então, se lembrará dos meus dedos de carinho. Dos meus olhos sinceros. Da minha garganta profunda que consumiu as partes mais ancestrais de teu corpo. Lembrará que me deixou absolutamente vulnerável naquela cama infinita.

Voltarás para meus braços como um viciado que não resiste aos encantos do ópio. E frágil, irá me consumir brutalmente, como um macho que se ofende ás minhas carícias. Mas então, sincera, olharei profundamente para teus olhos. Com um olhar tão doce, tão puro... Eu te laçarei.  No meio daquele amor doce, meus dedos de carinho te prenderão.

Eu, um pequeno cordão de cristal, lhe darei um nó que se aparta continuamente. E então, dividido pelo frágil cordão você será dividido ao meio.  Sangrará até a morte.

Eu, o pequeno cordão de cristal, permanecerei matando de amor todos aqueles que se deitam em minha cama. Por excesso de amor, estarei condenada à mais profunda solidão.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Meu coração está seco

Estou em pedaços. Aqueles míseros pedaços do teu corpo me partiram tão profundamente. Busco por canções, filmes e livros que me façam chorar. Meu coração está seco. Busco por tragédias. Meu coração está seco. Negar amor não é nada, mas destruir uma menina... Isso não se faz. Eu não posso mais sentir. Meu coração está seco.

Hoje minha boca tem gosto de cobre. Minha saliva é de mercúrio. Meu coração está seco, ele é uma pedra de aço. Eu sou um robô. Meus instintos são razão. Meu sexo é razão.

Minhas emoções não me pertencem mais. Eu as abandonei num quarto escuro. Meu coração está seco. Tenho medo de abrir aquela porta distante e me afogar com as águas que surgirão daquele quarto. Eu não sei mais nadar. Eu não quero nadar. Meu coração está seco.

E se eu não tiver vontade de reaprender a nadar? E se eu não quiser voltar a chorar? O ferro tem tomado conta de todo meu corpo. Meu coração está seco. Ai, meu coração está seco. Robôs enferrujam na água.

Tenho medo que meu coração jamais volte a bater.  Mas não posso deixar a água ameaçar minha sanidade.



domingo, 3 de março de 2013

O monopólio da carne

Já amei demais. E o único bem que me restou em decorrência disso foi este peito inchado, cheio de lágrimas que talvez nunca possam evaporar. Eu bebi da esperança até a última gota.  Quando ela se esgotou, enlouquecida, me pus diante de um espelho. Olhei. Julguei. Meus olhos eram nebulosos, repletos de um vazio triste. Meu corpo era inchado, cheio de um medo regado por episódios etílicos. Meus cabelos estavam sob comando do vento irregular. Não pude deixar de rir. Ri até meu ventre contrair bruscamente. Ri até os refluxos estomacais darem seus sinais. Ri como quem entende TUDO.

O amor é só mais umas das invenções fantásticas de Hollywood.

Já sem ar diante daquele espelho, deslizei até o chão. Tirei meu vestido lentamente. Senti cada estímulo que ele provocava em minha pele. Toque meus seios com delicadeza e sem pressa escorreguei minha mão até atingir meu sexo. Um êxtase autônomo, provocado por minha carne em contato consigo. Sem qualquer água sentimental. Era a mais pura água do sexo que sujava o chão de meu quarto.

Hoje, faço do meu corpo patrimônio público. Não resta nenhuma ilusão de amor, somente a certeza do monopólio da carne.

sábado, 2 de março de 2013

Errata para o Senhor S.

Como diria o poeta, todas as cartas de amor são ridículas.

Ai S.

E com o passar do tempo percebo que ridícula era eu ao me culpar diante de sua covardia.

Ai S.

Hoje olho os restos de tua sombra com pena. Te vejo por inteiro. Sei que tu não era nada.

Ai S.

Para que tanta covardia?

Ai S.

Eu te amaldiçoo. Não terás jamais meu perdão. Jamais se livrará de tua culpa.

Ai S.

Aprenda. Coragem significa agir com o coração.


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Sobre o sexo

Os corpos estavam quentes,
preenchidos por milhões de orgasmos.
A essência do extasy,
circulava pelo sangue de ambos.

Ela desejou a solidez e frieza do chão.
Ele, o conforto e aconchego da cama.

Estavam em planos diferentes.
Deram as mãos.
Através desta tão sútil e delicada ação,
se uniram profundamente.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Notas de um ano sem amor, primeiro episódio

Eu fiz um convite sem graça. Ele compareceu só para fazer as vontades da moça desejada. E foi ai que tudo começou.

Um dia, eu voltei de viagem e fui direto para a casa dele. Ele me esperava com um jantar especial e uma garrafa de vinho. Comemos, bebemos. Rimos. Amamos. Neste dia confessei que meu coração fora fisgada. E ele me afirmou que encontrava-se na mesma situação (mentiroso). Transamos com o êxtase e o medo que um sentimento provoca a uma relação que deveria ser leve. (Uma relação que não deveria ter existido é o que penso hoje)

Desse dia em diante nos tornamos um casal. Fomos ao cinema, ao teatro, a restaurantes com luzes de vela. Trocamos mensagens diárias, fizemos planos, sentiamos a falta um do outro.

Um dia, como era de costume, ele pegou um avião e foi ao encontro do verdadeiro amor. Eu não soube o que sentir, e optei por agir com a naturalidade que o ato dele teria caso tivessemos conseguido cumprir a missão de ter uma relação leve. (Me iludi, para mim nada tem proporções leves).

Então ele voltou. Seu discurso me fez acreditar que agora o amor pelo verdadeiro amor era frágil, e que eu estava começando a representar esse papel. Achei que de fato estava me tornando o novo verdadeiro amor. inocente

E eis que ele volta para cidade distante ao encontro dela. Novamente atravessou centenas de Km para sentir aquele cheiro, aquele sexo, aquele amor verdadeiro. Chorei como criança. Ainda nutria a esperança de no fundo ser o novo verdadeiro amor. Ele negou. Não se muda de verdadeiro amor do dia para a noite.

Rompi com aquele relacionamento precioso. Optei por não ficar entre ele e o verdadeiro amor. E hoje me sinto a mais despresível mulher.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Procura-se cuidador de pregos


(Menina distribui para a plateia panfletos com o dizer “Procura-se um cuidador de pregos”, em seguida vira para a parede, coloca a máscara do clown e com um martelo começa a pregar um prego na parede. Bate o martelo brutalmente no prego, seguido da batida ela joga o prego fora, repetição da ação. Vira-se para a plateia e apresentação como clown.)
- (Deboche) E ai, tá olhando o que? Eu tô só tentando pregar a porra de um prego nessa parede de merda... Você ta me achando estupida??? Pois é, eu sou estupida sim... Assim como 99,9% dos seres humanos que eu conheço. Mas eu to sendo estúpida com a merda de um prego (pega um monte de pregos do bolso e joga no chão)! E esse bando de gente é que estupido na vida, que faz as coisas de qualquer jeito? Que sobrevive cumprindo metas e planos e nunca parou pra se perguntar sobre o por quê de estar fazendo tudo isso. Essa gente que passa por cima das outras pessoas? Que te usa (pega um prego e tenta pregá-lo, a operação não da certo, joga o prego fora) e ai quando você para de interessar, ela te joga fora.

Pelo menos eu sou só uma máscara dilatada da sociedade, e minha estupidez só é em relação aos pregos. Bom, o prego é um objeto tão insignificante que nem é um verdadeiro mal isso que eu faço. Ninguém se preocupa em martelar com delicadeza para não entortar um prego. Se o prego entortar, azar o dele. Tem milhões de pregos iguais pra substituir. Eles são tão, mais tão insignificantes que se um prego cai no chão, a gente não precisa se dar ao trabalho nem abaixar pra pegar. É só pegar um outro que está mais perto.

(Tira a máscara, joga a porção de pregos no chão, fica somente com um deles.) As vezes eu sinto que todo mundo não é nada além de um preguinho do outro. Eu por exemplo (retira um estojo de sombras de baixo do vestido) sou só um prego que se esconde de baixo dessa maquiagem. Porque na realidade, quem vem atrás de mim, só vem porque na verdade eu não sou nada, sou tão insignificante que quase não existo. É meio que uma fantasia, sabe? É como se ele fosse acordar amanhã na cama da esposa corna, e não sentir que o que rolou comigo foi uma traição. (Começa a desabotoar o vestido). Eles não querem uma mulher de verdade. Bom, eles mal tem o cuidado de pregar um prego com amor, imagina cuidar de uma mulher? Que é isso... É só transar com uma, descartar e amanhã pegar outra...

(Indigna-se) Hum... Mas do que é que eu to reclamando meu Deus! Se essa não fosse a natureza do ser humano, eu nem profissão tinha...(Tira o vestido, está com uma lingerie sensual, calça o par de salto que encontra-se ao lado) Sinceramente eu não tenho mais a menor esperança de encontrar um alguém que tome pelo menos um pouco de cuidado comigo. Mas por de traz dessa maquiagem de prostituta de quinta, ainda existe a esperança de uma menina que só precisa de um cuidador de pregos. (Sai a direção a porta como quem está indo fazer ponto.)

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

8 descrições platônicas

1. Foi um par de olhos castanhos esverdeados que me arremessou num sonho de liberdade.

2. Tudo (não) foi tão simples. Simples ao ponto de eu questionar se de fato alguma coisa realmente foi.

3. A REALIDADE: Eu segui teus passos discreta, como uma menina medrosa. Você me deu uma única carona, preenchida pela clássica conversa de elevador, finalizada com um olhar de despedida que me acompanhou por toda uma tarde.

4. Eu o batizo de Platão. É uma homenagem a este amor puro e absolutamente etérico que brotou em mim numa noite. Também é uma forma de não revelar o nome do rapaz. Quero amá-lo em segredo absoluto.

5. NA NOITE: Um lugar bucólico, semelhante ao jardim de Monet. Platão me chamou e fomos até um canto mais afastado. Um beijo, sem qualquer palavra. Beijo veloz que foi acalmando conforme percebia que minha intuição era correspondente a realidade.

6. Acordei. A simplicidade dessa paixão não proporcionou a angustia decorrente do "foi só um sonho". Tudo é tão distante do concreto. Assim o sonho torna-se a realidade maior.

7. Não sei quando o reencontrei de fato. Não me importa.

8. Meu amor por Platão é tranquilo. Começo a crer que só as paixão de mentira não me destroem.