Foto pink

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terça-feira, 9 de novembro de 2010

Aquilo que se esconde em minha memória

Minhas últimas reflexões me fizeram chegar a atual conclusão de que somos constituídos por nossas ações e experiências. Graças a fragmentos ocultos do passado me tornei silêncio. O momento de descobertas supõe que o desconhecido seja apreciado, e que o oculto seja revelado. Portanto, como quem conta uma história irreal para alguém, esse texto tem como pretensão arrancar as feridas do meu passado e reiniciar o processo de cicatrização.

Era muito tarde. A menina estava em sua cama junto da mãe. A mulher cheia de receios esperava pelo adormecer da filha ansiosamente,ela fazia de tudo para que a menina não notasse a ausência do pai. Regina sabia exatamente o que iria acontecer dentro de alguns minutos ou horas.

Alberto chegaria em casa com o nariz inchado e os olhos vidrados, ele a olharia repleto de ódio, não ódio da esposa, mas daquele recente passado que havia sido destruído exatamente por aqueles que Alberto amava. Essa objeção por destruir suas ultimas jóias era uma maneira de negar sua fraqueza evidenciando uma força irracional e maligna.

Regina já incluíra a violência em seu cotidiano, mas não era isso que lhe roubava a alma, mas o receio de que Roberta descobrisse o que se passava naquele lar.

Naquela noite, mais uma vez Alberto chegara no meio da madrugada com um pretexto tolo para agredir sua esposa. E da forma que acontecia nos dias anteriores, Roberta simulou o sono para livrar a mãe dos receios maternos e pai das culpas posteriores.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Menino

A grama engolia o menino que olhava fixamente para aquele horizonte azul. A luza que fazia seu rosto pingar lhe trazia uma leveza que não era encontrada em lugar algum. Aquela hora do dia era a mais importante, quando ele se dava esse momento podia correr o dia inteiro sem necessitar de qualquer comida. "Joãooo! Vorta pra casa!" Aquela voz grosseira e doce de sua mãe o fazia despertar para a realidade. Então ele voltava para casa, esperava o tempo passar e deitava novamente em seu berço verde e quente.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Mudança de Hábitos

Graças a Deus, hoje eu acordei morta. Ao levantar de um sono perturbado, olhei ao espelho e me deparei com um corpo mais cheio do que o de costume e uma alma vazia e moribunda. Então, dei meu último suspiro. Dor. Angústia. Descontrole. Meu corpo, minha mente e meus olhos não se acostumaram com a luz da nova vida, estou assustada com a transcendência. E se eu não conseguir me reconstruir?

Qualquer morte sempre é uma escolha, nós decidimos morrer quando nos sentimos suficientemente corajosos para descobrir o novo. Mas é preciso muita coragem. É como um lagarto que aceita o escuro do casulo para se transformas em borboleta.

Entrar no casulo exige uma mudança total de hábitos. Hoje me dispus a olhar o mundo de maneira diferente, mas até agora eu não consigo enxergar nada. Minhas pupilas ainda não dilataram e eu tenho medo de não ter forças para fazer isso. Não sei se vou conseguir rejeitar meus velhos hábitos quando eles vierem me assombrar.

Eu busco uma mulher bonita, uma pessoa que não tenha medo de seus pecados, alguém que agia de acordo com suas vontades da alma e da carne. Para essa nova pessoa só as tentações grandiosas são dignas, as levianas sempre são superadas. Alguém que não se lastime ou fica prometendo mudanças para o outros e para si.

Essa é a minha última lamentação, é a última vez que venho falar logicamente o que se passa dentro de mim. Agora minhas angústias serão transpostas na criação. Meus problemas não ficarão presos na garganta.

Meus novos problemas serão decorrentes do que disse e fiz, não das coisas que estão engasgadas. Nada mais ficará engasgado.

Hoje comecei a transformas minha cabeça, em breve meu "eu" será diferente, Se preparem para as loucuras de uma nova mulher.

terça-feira, 16 de março de 2010

Personagem de Tchecov

A minha experiência anterior me fez acreditar que tal processo seria mais fácil, o saber dava uma confiança boa, uma sensações de poder perante os que não sabiam. Mas foi muito mais difícil.

A escolha me deu medo, qualquer possibilidade parecia mais fraca, comum, simples. Resolvi optar pelo simples, apostei minhas fixas na realidade do comum. Jogo Ganho! Verdade interior destruida.

Aquela possibilidade possível me doeu tanto. Fiquei fraca. Aquela mentira era tão real. No teatro, o Homem mostra o Homem para o Homem, e naquele momento o “eu de mentira” me mostrou o “eu de verdade”. Eu me despi para mim mesma. Toda a força que eu pensava ter sumiu. Restou somente um pedaço fraco, medroso, acomodado e sem nenhuma possibilidade de tornar qualquer desejado real.

Pois é, eu acabei me descobrindo muito mais falsa do que esperava. Tantas pessoas me enxergam como uma pessoa forte, ativa, decidida e dedicada, mas não é verdade! Não que eu finja tudo isso para o mundo, finjo para mim mesma. Se eu me vejo como forte, não há razão para tentar mudar, e isso me torna muito mais fraca!

Eu queria tanto ter ficado! Mas eu não consegui. O meu medo me mandou ir e deixar as coisas normais tão normais quanto sempre foram. Eu segurei minhas lágrimas para não confessar ainda mais minha fragilidade para mim mesma, mas essa verdade que escondo de mim me deu tanto medo. Eu não quero isso! Eu quero o risco de uma vida com a possibilidade de um sonho. Caso contrario, nada disso tem valor.

sábado, 6 de março de 2010

entre

Quando recente ele é eterno, a inocência, a esperança e a mistura de sensações que faz com que nos sintamos realmente vivos e únicos tornam o início de uma experiência romântica realmente mágica e efêmera.

Acreditem casais felizes, em um momento qualquer e infeliz o início perde seu lugar para o entre. Eu, particularmente, temo o entre. Não sei se o que me aguarda é fim, ou o paraíso. É uma espécie de espera pelo desconhecido.

O entre me tornou mais forte, mas quando eu me lembro dos meus dias frágeis eu o vejo com mais nitidez, como se minha alma fizesse parte da sua. Mas agora sou eu e você, duas unidades próximas, mas separadas.

Eu tento não sentir falta do início e me convencer do quão tudo é mais certo agora, mas o amor que existe em mim não cabe nesse entre. Eu quero o início, o fim ou o paraíso. Eu preciso de um lugar com espaço para despejar o que existe dentro de mim.