Foto pink

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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Procura-se cuidador de pregos


(Menina distribui para a plateia panfletos com o dizer “Procura-se um cuidador de pregos”, em seguida vira para a parede, coloca a máscara do clown e com um martelo começa a pregar um prego na parede. Bate o martelo brutalmente no prego, seguido da batida ela joga o prego fora, repetição da ação. Vira-se para a plateia e apresentação como clown.)
- (Deboche) E ai, tá olhando o que? Eu tô só tentando pregar a porra de um prego nessa parede de merda... Você ta me achando estupida??? Pois é, eu sou estupida sim... Assim como 99,9% dos seres humanos que eu conheço. Mas eu to sendo estúpida com a merda de um prego (pega um monte de pregos do bolso e joga no chão)! E esse bando de gente é que estupido na vida, que faz as coisas de qualquer jeito? Que sobrevive cumprindo metas e planos e nunca parou pra se perguntar sobre o por quê de estar fazendo tudo isso. Essa gente que passa por cima das outras pessoas? Que te usa (pega um prego e tenta pregá-lo, a operação não da certo, joga o prego fora) e ai quando você para de interessar, ela te joga fora.

Pelo menos eu sou só uma máscara dilatada da sociedade, e minha estupidez só é em relação aos pregos. Bom, o prego é um objeto tão insignificante que nem é um verdadeiro mal isso que eu faço. Ninguém se preocupa em martelar com delicadeza para não entortar um prego. Se o prego entortar, azar o dele. Tem milhões de pregos iguais pra substituir. Eles são tão, mais tão insignificantes que se um prego cai no chão, a gente não precisa se dar ao trabalho nem abaixar pra pegar. É só pegar um outro que está mais perto.

(Tira a máscara, joga a porção de pregos no chão, fica somente com um deles.) As vezes eu sinto que todo mundo não é nada além de um preguinho do outro. Eu por exemplo (retira um estojo de sombras de baixo do vestido) sou só um prego que se esconde de baixo dessa maquiagem. Porque na realidade, quem vem atrás de mim, só vem porque na verdade eu não sou nada, sou tão insignificante que quase não existo. É meio que uma fantasia, sabe? É como se ele fosse acordar amanhã na cama da esposa corna, e não sentir que o que rolou comigo foi uma traição. (Começa a desabotoar o vestido). Eles não querem uma mulher de verdade. Bom, eles mal tem o cuidado de pregar um prego com amor, imagina cuidar de uma mulher? Que é isso... É só transar com uma, descartar e amanhã pegar outra...

(Indigna-se) Hum... Mas do que é que eu to reclamando meu Deus! Se essa não fosse a natureza do ser humano, eu nem profissão tinha...(Tira o vestido, está com uma lingerie sensual, calça o par de salto que encontra-se ao lado) Sinceramente eu não tenho mais a menor esperança de encontrar um alguém que tome pelo menos um pouco de cuidado comigo. Mas por de traz dessa maquiagem de prostituta de quinta, ainda existe a esperança de uma menina que só precisa de um cuidador de pregos. (Sai a direção a porta como quem está indo fazer ponto.)

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

8 descrições platônicas

1. Foi um par de olhos castanhos esverdeados que me arremessou num sonho de liberdade.

2. Tudo (não) foi tão simples. Simples ao ponto de eu questionar se de fato alguma coisa realmente foi.

3. A REALIDADE: Eu segui teus passos discreta, como uma menina medrosa. Você me deu uma única carona, preenchida pela clássica conversa de elevador, finalizada com um olhar de despedida que me acompanhou por toda uma tarde.

4. Eu o batizo de Platão. É uma homenagem a este amor puro e absolutamente etérico que brotou em mim numa noite. Também é uma forma de não revelar o nome do rapaz. Quero amá-lo em segredo absoluto.

5. NA NOITE: Um lugar bucólico, semelhante ao jardim de Monet. Platão me chamou e fomos até um canto mais afastado. Um beijo, sem qualquer palavra. Beijo veloz que foi acalmando conforme percebia que minha intuição era correspondente a realidade.

6. Acordei. A simplicidade dessa paixão não proporcionou a angustia decorrente do "foi só um sonho". Tudo é tão distante do concreto. Assim o sonho torna-se a realidade maior.

7. Não sei quando o reencontrei de fato. Não me importa.

8. Meu amor por Platão é tranquilo. Começo a crer que só as paixão de mentira não me destroem.