Foto pink

Foto pink

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Sobre meninas virgens

Sempre idolatrei a inexperiência. Acreditava na beleza do “nunca ter feito algo”, me parecia puro e ao mesmo tempo sedutor. Então interiorizei meus desejos secretos e minhas ambições assustadoras, como uma menina que esconde o diário no fundo de uma caixa, e depois a guarda em um quarto escuro abandonado. Mas agora eu mudei de idéia. Ou melhor, não há mais espaço algum no meu quarto cheio de segredos. As caixas começaram a estourar, e o conteúdo do quarto impossibilitava que sua porta fosse trancada. Sinto vontade de gritar. Realizar meus sonhos. Concretizar meus desejos.

Tenho pavor do “nunca”. Não quero que minha vida seja repleta de tal palavra, mas tenho medo de não dizer não para o mundo. A resistência ao “meu eu” tornou-se um hábito amargo, tão amargo que não agüento mais engolir. Pareço uma criança satisfeita, que o pai severo obriga à comer até o final, ela resiste, mas cede por medo da violência.

Não vou mais me importar com a imagem que gostaria de manter. Quero me aceitar, e para tanto me abrirei para novas sensações, não me importarei com as conseqüências. Prefiro o arrependimento ao ressentimento que a inexperiência me traz. A casca que as pessoas enxergam será rompida, a maioria enxergará a podridão do meu quarto escuro, mas se alguém achar um pedacinho de vidro delicado e sensual, toda essa exposição valerá a pena.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Desejo

O desafio de não ser o que sou me atormenta. Parecia mais fácil quando era apenas um sonho e algumas brincadeiras bobas. Agora eu tento com força, mas só sinto a unidade do meu ser implorando para não abandonar meu corpo. Eu quero o vazio. Mas um conjunto de formas já me domina por completo. Seria possível renascer e construir uma vida vazia? Sem personalidade, só uma massa quente, que se transforma no que eu quero quando quero.

Eu queria ter o poder de esculpir o meu corpo e a minha alma como um artista, colocar e tirar tudo no instante que desejasse. Só no meio do nada cabe tudo. E o nada é difícil! Não queria me destruir para alcançar tal desejo. Mas ao mesmo tempo adoraria me destruir para investir no vazio. As minhas incapacidades, inseguranças e formas grotescas não vão me fazer tanta falta.

Quem me ensina a me moldar? Tenho medo de apagar tudo e não saber transformar o meu vazio em algo. Mas será que é uma questão de um molde concreto?Ou é só permitir que uma entidade entre em você durante tempo determinado? Não sei. Quanto mais eu procuro entender e descobrir maior fica minha insegurança.