Foto pink

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segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Sobre meninas virgens

Sempre idolatrei a inexperiência. Acreditava na beleza do “nunca ter feito algo”, me parecia puro e ao mesmo tempo sedutor. Então interiorizei meus desejos secretos e minhas ambições assustadoras, como uma menina que esconde o diário no fundo de uma caixa, e depois a guarda em um quarto escuro abandonado. Mas agora eu mudei de idéia. Ou melhor, não há mais espaço algum no meu quarto cheio de segredos. As caixas começaram a estourar, e o conteúdo do quarto impossibilitava que sua porta fosse trancada. Sinto vontade de gritar. Realizar meus sonhos. Concretizar meus desejos.

Tenho pavor do “nunca”. Não quero que minha vida seja repleta de tal palavra, mas tenho medo de não dizer não para o mundo. A resistência ao “meu eu” tornou-se um hábito amargo, tão amargo que não agüento mais engolir. Pareço uma criança satisfeita, que o pai severo obriga à comer até o final, ela resiste, mas cede por medo da violência.

Não vou mais me importar com a imagem que gostaria de manter. Quero me aceitar, e para tanto me abrirei para novas sensações, não me importarei com as conseqüências. Prefiro o arrependimento ao ressentimento que a inexperiência me traz. A casca que as pessoas enxergam será rompida, a maioria enxergará a podridão do meu quarto escuro, mas se alguém achar um pedacinho de vidro delicado e sensual, toda essa exposição valerá a pena.

8 comentários:

Catarina Eya disse...

Cuidado com o que expoe, as vezes muita exposicao traz conseqüências nao desejadas e imagináveis. Mesmo que voce diga que nao vai se importar. Mas pode ser bom tambem, se resguardar eh doloroso, a vontade de sair contando tudo eh tao intensa, que nao conseguimos segurar as palavras em nossa boca, elas simplesmente saem...sem querer. :)

Patty disse...

"pedacinho de vidro delicado e sensual" me lembrou muito aquele chifre do unicórnio que se quebra depois do beijo da sua personagem Laura.

Pode ter certeza que existe gente que vai te amar independentemente desse ''quarto escuro''...pois afinal ele é parte de você!
Lembra da aula da ana: o acontecimento é inevitável mas toda situação tem infinitas portas quee podemos abrir!

beeijos

disse...

Quando eu deixei de evitar o "meu eu"...
Foi como se nascessem em mim segredos doces. Não como os que eu tinha antes que eram amargos e dolorosos...

Me nasceram segredos de ser eu mesma. Coisas diferentes em mim que só encontrei em mim. E era incrivelmente bom.

E aos poucos a gente vai assim com que perder de vista, o Nunca.



Vou fazer aqui que nem fiz no Blog da Catarina e também te deixar um presentinho: um nos poemas que eu mais gosto: [ mas o seu é diferente o que deixei no dela, porque.. afinal.. somos diferentes! graças!!]

"A cada parto uma porta a cada porta uma parte se solta"
[Viviane Mosé]

Uhm-á

Anônimo disse...

Talita, não sei pra onde você vai, e não sei por que, mas escute seu coração, saiba ouvi-lo, sentí-lo, interpretá-lo, e escutá-lo.

Confie na sua voz interior sempre... o Seu EU precisa estar em harmonia com o TODO.

Acredite, o seu EU é lindo e eu vejo a beleza dele :)

Até

Frater Altair disse...

Andei relendo seu blog, tem muito de mim nele.
Precisamos sair pra conversar! Senti sua falta no cursinho, e falta do tempo em que poderíamos ter conversado mais.
E ah, é, tenho que te contar aquele babado lá que eu pirei e tal. Já estou bem, mas cheio de coisas no quarto escuro agora.
=*

Anônimo disse...
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Sir Gil disse...

Hi Tata!

I couldn´t agree more with your amazing and lovely cousin!

Love you,

Gil

Anônimo disse...

Oi Talita sou colega de faculdade da Ba...farei visitas costumeiras no seu blog...amo ler o que revelam de si qdo escrevem.
"Prefiro o arrependimento ao ressentimento que a inexperiência me traz".
Sinceramente não sei dizer qual dos dois sentimentos dói mais, todavia tenho certeza que a frustração de morrer sem saber é imensamente mais inquietante.
A sinceridade com que escolhe suas palavras me encantam, pelo conteúdo cabe-lhe elogios.
Não tema as reações alheias, somos apenas viventes temerosos.
Abs.