Foto pink

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domingo, 17 de março de 2013

Dinâmica do amor.

O amor tem prazo de validade.
Aprende a consumi-lo na hora certa,
e coloca na geladeira quando já estiver satisfeito.
Se não ele dá revertério e acaba antes do seu tempo.

Degusta e aproveita cada sabor que ele proporciona.
Mas faça isso na hora certa!
Porque como já disse,
o amor tem prazo de validade.

E tudo que passa do ponto,
apodrece e fede.
Faz mal.

Joga o amor fora,
quando ele passar do ponto.
Amor vencido mata.


O cacto

É a flor do deserto.
Secura absoluta.
Reina no deserto.
Secura absoluta.


Absorve toda água que existe.
Sobrevive ao reino da morte.

Parece ser só espinho,
Mas é flor.

É a flor do deserto.
É a flor que sobrevive.
É a flor guerreira.

sábado, 16 de março de 2013

Março

Para mim, março é o mês dos vícios.
Dos cigarros, do álcool, dos teus gostos.
É o m~es das lembranças de tudo que poderíamos ser. 

O dia em que fui limpar privadas

Para te esquecer, consumi mais de um milhão de litros de whisky.
Mas você ressurgia em cada gota de gelo derretido.

Para te esquecer, emprestei meu sexo a todos os homens ao redor.
Se digo que emprestei é porque  ele era de tua posse absoluta.

Para te esquecer, chorei um oceano de lágrimas azuis.
Construí um mar tão seu... Quase morri afogada.

Para te esquecer, dei três voltas ao redor do mundo.
Te encontrei em cada um de meus passos.

Para te esquecer, comecei a limpar vasos sanitários.
Vi teu reflexo na água de cada privada que esfreguei.

Então, dei descarga. Te mandei para o esgoto.
Te matei no lugar onde você de fato merecia morrer.
E te esqueci.

sábado, 9 de março de 2013

Os girassóis de tudo sabem

(Um dia meu pequeno girassol dourado me disse:)

Girassol - Você não me engana meu pedacinho de céu.

Menina - Poxa girassol! Eu não quero enganar ninguém! Muito menos você, que de tudo sabe. Mas é que a vida me ensinou que o verbo amar só existe no plural. E meu amor no caso anda tão, mais tão singular. Ele ainda é infinito, mas do que adianta ter o peito cheio de amor, e não ter para quem dar?

Girassol - Você pode dar esse amor para mim se quiser.

(Então, a menina tirou o girassol daquele vazinho estreito e o plantou na janela de seu quarto. Ela regou, adubou e amou o girassol para o resto da sua vida.)

quarta-feira, 6 de março de 2013

Maldição do cordão de cristal

Quando vieres fuder comigo, sincera, olharei profundamente para  teus olhos. Com um olhar tão doce, tão puro... Eu te cativarei. Faremos amor docemente, aquele amor que só os verdadeiros amantes tem acesso. Meu sexo irá penetrar teu coração. Darei um nó em tua cabeça.

Como uma foda vulgar, pode se tornar o mais profundo amor, se antes não havia qualquer sentimento?

E então, seus olhos finalmente responderão àquele olhar que lhe lancei no início de nosso encontro. Com o coração rufando, verá uma menina profundamente frágil, delicada, com um brilho que ofusca a virilidade de cada homem. Verás uma mulher absolutamente apaixonada por seu ser. Isso lhe fará feliz naquele instante.  Porém, se sentirás responsável por aquela menina. Irá perceber que precisará cuidar com minúcia daquele ser frágil. Daquele pequeno cordão de cristal.

Sentirás um medo intenso.

Com receio de se tornar homem prematuramente, você partirá. Estará convicto de que não voltará ao meu encontro. Cheio de si, contará aos seus amigos que nós metemos e que eu estava absolutamente apaixonada por ti.

Então, se lembrará dos meus dedos de carinho. Dos meus olhos sinceros. Da minha garganta profunda que consumiu as partes mais ancestrais de teu corpo. Lembrará que me deixou absolutamente vulnerável naquela cama infinita.

Voltarás para meus braços como um viciado que não resiste aos encantos do ópio. E frágil, irá me consumir brutalmente, como um macho que se ofende ás minhas carícias. Mas então, sincera, olharei profundamente para teus olhos. Com um olhar tão doce, tão puro... Eu te laçarei.  No meio daquele amor doce, meus dedos de carinho te prenderão.

Eu, um pequeno cordão de cristal, lhe darei um nó que se aparta continuamente. E então, dividido pelo frágil cordão você será dividido ao meio.  Sangrará até a morte.

Eu, o pequeno cordão de cristal, permanecerei matando de amor todos aqueles que se deitam em minha cama. Por excesso de amor, estarei condenada à mais profunda solidão.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Meu coração está seco

Estou em pedaços. Aqueles míseros pedaços do teu corpo me partiram tão profundamente. Busco por canções, filmes e livros que me façam chorar. Meu coração está seco. Busco por tragédias. Meu coração está seco. Negar amor não é nada, mas destruir uma menina... Isso não se faz. Eu não posso mais sentir. Meu coração está seco.

Hoje minha boca tem gosto de cobre. Minha saliva é de mercúrio. Meu coração está seco, ele é uma pedra de aço. Eu sou um robô. Meus instintos são razão. Meu sexo é razão.

Minhas emoções não me pertencem mais. Eu as abandonei num quarto escuro. Meu coração está seco. Tenho medo de abrir aquela porta distante e me afogar com as águas que surgirão daquele quarto. Eu não sei mais nadar. Eu não quero nadar. Meu coração está seco.

E se eu não tiver vontade de reaprender a nadar? E se eu não quiser voltar a chorar? O ferro tem tomado conta de todo meu corpo. Meu coração está seco. Ai, meu coração está seco. Robôs enferrujam na água.

Tenho medo que meu coração jamais volte a bater.  Mas não posso deixar a água ameaçar minha sanidade.



domingo, 3 de março de 2013

O monopólio da carne

Já amei demais. E o único bem que me restou em decorrência disso foi este peito inchado, cheio de lágrimas que talvez nunca possam evaporar. Eu bebi da esperança até a última gota.  Quando ela se esgotou, enlouquecida, me pus diante de um espelho. Olhei. Julguei. Meus olhos eram nebulosos, repletos de um vazio triste. Meu corpo era inchado, cheio de um medo regado por episódios etílicos. Meus cabelos estavam sob comando do vento irregular. Não pude deixar de rir. Ri até meu ventre contrair bruscamente. Ri até os refluxos estomacais darem seus sinais. Ri como quem entende TUDO.

O amor é só mais umas das invenções fantásticas de Hollywood.

Já sem ar diante daquele espelho, deslizei até o chão. Tirei meu vestido lentamente. Senti cada estímulo que ele provocava em minha pele. Toque meus seios com delicadeza e sem pressa escorreguei minha mão até atingir meu sexo. Um êxtase autônomo, provocado por minha carne em contato consigo. Sem qualquer água sentimental. Era a mais pura água do sexo que sujava o chão de meu quarto.

Hoje, faço do meu corpo patrimônio público. Não resta nenhuma ilusão de amor, somente a certeza do monopólio da carne.

sábado, 2 de março de 2013

Errata para o Senhor S.

Como diria o poeta, todas as cartas de amor são ridículas.

Ai S.

E com o passar do tempo percebo que ridícula era eu ao me culpar diante de sua covardia.

Ai S.

Hoje olho os restos de tua sombra com pena. Te vejo por inteiro. Sei que tu não era nada.

Ai S.

Para que tanta covardia?

Ai S.

Eu te amaldiçoo. Não terás jamais meu perdão. Jamais se livrará de tua culpa.

Ai S.

Aprenda. Coragem significa agir com o coração.