Foto pink

Foto pink

domingo, 3 de março de 2013

O monopólio da carne

Já amei demais. E o único bem que me restou em decorrência disso foi este peito inchado, cheio de lágrimas que talvez nunca possam evaporar. Eu bebi da esperança até a última gota.  Quando ela se esgotou, enlouquecida, me pus diante de um espelho. Olhei. Julguei. Meus olhos eram nebulosos, repletos de um vazio triste. Meu corpo era inchado, cheio de um medo regado por episódios etílicos. Meus cabelos estavam sob comando do vento irregular. Não pude deixar de rir. Ri até meu ventre contrair bruscamente. Ri até os refluxos estomacais darem seus sinais. Ri como quem entende TUDO.

O amor é só mais umas das invenções fantásticas de Hollywood.

Já sem ar diante daquele espelho, deslizei até o chão. Tirei meu vestido lentamente. Senti cada estímulo que ele provocava em minha pele. Toque meus seios com delicadeza e sem pressa escorreguei minha mão até atingir meu sexo. Um êxtase autônomo, provocado por minha carne em contato consigo. Sem qualquer água sentimental. Era a mais pura água do sexo que sujava o chão de meu quarto.

Hoje, faço do meu corpo patrimônio público. Não resta nenhuma ilusão de amor, somente a certeza do monopólio da carne.

Nenhum comentário: