Foto pink

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terça-feira, 16 de outubro de 2012

BARATAS


Narrativa de um sonho

Trancada num minúsculo quarto. Uma cadeira, uma mesa, um prato de comida e duas baratas do tamanho do meu medo cercando o alimento. Eu. Consumida por uma repulsa e desespero que dominava minhas vísceras. Chorava enquanto tremia encostada no cantinho da parede. Nojo daqueles insetos ancestrais e ferozes que ameaçavam voar. Claustrofobia fatal.

Uma porta impossível de se ver se abre. Aquele homem sinônimo de nada, sinônimo do fracasso, da desistência entra no cômodo. Palavras simples. "Foi disso que eu tive medo." Ele parte.

Enxugou suas lágrimas. Livrou-se do apoio da parede. Andou até a mesa. Enfrentou olho a olho os dois animais que tanto lhe desestruturavam. Com a mãe esquerda pegou um deles. Levou a barata até seus lábios. Fechou os olhos. Mordeu o animal em sua metade. Mastigou percebendo cada milímetro do gosto da essência do inseto. Aquela era exatamente a essência da mulher. A essência de todas as coisas.

Libertou-se de suas fraquezas. Entendeu sua essência ancestral. Aceitou-se. Abriu as portas do quarto, que tornaram-se nítidas e seguiu vivendo.

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